quarta-feira, 6 de maio de 2009

173 gramas de chulé

A reputada multinacional de equipamento desportivo Puma inventou uma sapatilha que pesa 173 gramas. Para além da publicidade enganosa - na verdade são 346 as gramas de sapatilha que estão a vender, não 173, a menos que estejam a pensar vendê-las avulso, o que duvido, dado que isso iria favorecer o nicho paralímpico e, como é sabido, não é típico de uma multinacional incomodar-se com aleijadinhos e minorias - há uma questão que se coloca:

Para quê?

Entendo que um atleta de alta competição possa beneficiar das qualidades de uma sapatilha leve - menos peso, menos esforço, menos fadiga, mais resistência, melhores prestações.

Mas esta publicidade agressiva e omnipresente não é direccionada ao atleta mas sim ao público em geral. Qual é o propósito? Vender o prazer de andar descalço calçado? Não, essa foi a ideia por detrás daquelas socas da moda, autênticas fábricas portáteis de chulé, ainda por cima aos pares. A ideia da Puma foi outra certamente. A verdade é que há uma maioria de consumidores que quer, latentemente, compulsivamente, consumir qualquer coisa e que anda sedenta, a tempo inteiro, de novidade: mais leve, mais branco, mais rápido, mais silencioso, mais mais, mais coiso, mais estúpido. Merda para estas empresas de merda que nos impingem merda; merda para esta gente com pensamentos de merda que procura por merda!; é por merda desta que há miúdos na merda no outro lado do planeta a trabalhar de sol a sol para ganhar cento e cinquenta paus.

Cada sapatilha custa trinta e sete euros e meio.

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