domingo, 31 de maio de 2009

Taça de Portugal

Provavelmente a manifestação cultural mais labrega da portugalidade.

Pró caralho!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Cristiano Ronaldo

Pró caralho!

Quente e frio

Porque é que os Santamaria são considerados pirosos e a Katy Perry não? A gaja canta pior, a música é quase tão má e as letras são igualmente estúpidas. No entanto os primeiros são avaliados como uns pimbas-techno-chunga provenientes da European West Coast e a segunda é a nova grande revelação atrevida da MTV.

Analisemos o mais recente hit-single, Hot n' Cold:

You're hot then you're cold
You're yes then you're no
You're in then you're out
You're up then you're down
You're wrong when it's right
It's black and it's white
We fight, we break up
We kiss, we make up

É provável que não tenha sido ela a escrever (ainda que a rima de up com up levante a suspeita do contrário), mas isso não interessa para nada - o bom intérprete é aquele que interpreta emocional e expressivamente o que lhe chega às mãos - autenticidade! - é fundamental um isomorfismo entre quem escreve e quem canta - resumindo: Katy Perry teve direito de opção, sendo dessa forma cúmplice e, consequentemente, culpada por isto.

Queixa-se do namorado. Que é um indeciso, que tem humores flutuantes, alguém invadido pela angústia e pela dúvida, um inquieto, um desassossegado com a consciência de que o mundo não é uma sucessão de fenómenos a preto e branco. Admitindo que o namorado figurativo de Katy não é um idiota (sim, é um salto ambicioso, eu sei, mas mais tarde vão dar-me razão), a conclusão a que poderemos chegar é a de que se trata de uma pessoa perfeitamente normal, às voltas com as ingratas contingências da condição humana. Os últimos dois mil anos da nossa História são férteis em pessoas que escreveram livros e canções sobre o assunto, que pintaram, que filosofaram, que se exprimiram ou, por outro lado, que sofreram em segredo, que se mataram.

Katy Perry não se matou. Prefere antes entrar em negação, colocando-se adolescentemente numa posição revoltada contra... o humano. E depois parte para o insulto gratuito, enxovalhando o pobre rapaz da forma mais selvagem, descontrolada e implacável: porque muda de ideias como uma rapariga muda de traje, porque sofre de síndrome pré-menstrual, porque é uma puta histérica, porque não serve, porque é uma pilha impotente, porque antes era tontinho por rir por tudo e por nada e porque agora é um chato, porque é maníaco-depressivo... enfim, apenas em dois versos da canção somos capazes de recolher informação positivamente não acessória sobre o perfil da criatura - e é precisamente nestas duas linhas que se descobre afinal que o rapaz pensa demasiado e é bem falante!

And you over think
Always speak cryptically

Mau... ora aqui estava um twist de que não estávamos (eu estava, claro), à espera!

Katy Perry: vai pró caralho!

terça-feira, 26 de maio de 2009

Uma imagem vale mais do que...

Recebi um mail com um seguidor deste blog a pedir-me para ilustrar os textos com imagens e vídeos. Porquê? O texto aborrece-te? Não gostas daqueles livros só com letras e sem bonecos? Para que saibas, as palavras são representantes de tudo o que tu precisas para pensar: de ideias, conceitos, relações de causalidade, etc. Não havia livros com bonecos no tempo de Platão e, para tua informação, aquela malta pensava que se fartava - não se dispersava.

Uma imagem pode valer por mil palavras mas mais do que isso é um pretexto para a preguiça mental. Queres ver o novo logo da Pepsi? Procura no Google. Ou então experimenta digitar .com a seguir ao Pepsi.

A resposta é: não.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Logo-idiotices

O meu respeito e consideração pelas pessoas do marketing e publicidade é muito reduzido, no entanto trata-se de um mundo que me fascina, sempre pelas piores razões.

A Pepsi, eterna número dois do mundo dos refrigerantes, tem tentado ao longo dos tempos reformular a sua imagem e os seus logótipos por forma a tentar roubar um pouco da enorme fatia de mercado pertencente ao grupo Coca-Cola. Recentemente houve novo facelift que está agora a ser implementado. No entanto, a única coisa que está a conseguir fazer é a pôr em jogo seu prestígio centenário, acreditando erradamente que os resultados aparecerão através da apresentação de novos logótipos absolutamente atrozes, dispersos e sem sentido. De acordo com a marca:

"The white band in the middle of the logo will now loosely form a series of smiles. A “smilewill characterize brand Pepsi, while a “grin” is used for Diet Pepsi and a “laugh” is used for Pepsi Max."

Ou seja (e decerto que me compreenderão melhor quando virem o resultado), estão a teorizar absurdamente e a tentar reapresentar um produto com história como se houvesse realmente a urgência e a necessidade de o reinventar e de transformá-lo numa coisa nova. Na verdade o que estão a fazer é a empobrecê-lo e a desbaratá-lo como se de um produto passageiro se tratasse - a pertinência gráfica da nova imagem está no mesmo patamar de produtos medíocres e sazonais sem qualquer tipo de ambição a longo-prazo, igualando, por exemplo, a do novo detergente-budget Surf, que, da noite para o dia, ocupou os horários nobres das televisões e a totalidade dos cartazes da rede de metropolitano de Lisboa e que daqui a cinco anos será um episódio obscuro e perfeitamente secundário no universo dos detergentes.

Os criativos e a gente do marketing da Pepsi esquecem-se de uma coisa elementar: porque é que as pessoas tem marcas como a Mercedes ou a BMW em boa conta e (no caso de terem dinheiro, claro) se fidelizam a elas e as consomem sem sequer as pôr em causa? - porque são marcas que apresentam produtos de qualidade reconhecida e fazem questão de impôr uma imagem sólida, coerente e intemporal. Tomando em conta a psicologia do consumidor: um logo que se aguenta durante décadas acaba por ser sinónimo de liderança, solidez, estabilidade, história, know-how, experiência, resistência ao tempo e às tendências, para além, claro, de gerar uma relação de familiaridade com quem consome, etc, etc, etc. A Coca-Cola, por exemplo (e era aqui que eu queria chegar, não aos fabricantes alemães de automóveis), parece perceber do assunto, sendo muito perspicaz e subtil de cada vez que remoderniza a sua imagem - a verdade é que com maior ou menor espalhafato circunstancial, o logo da marca permanece imaculadamente inalterado. A Fiat, recentemente, ao perceber isto, regressou ao logo do início do século passado e recomeçou por aí - já a Lância, marca do mesmo grupo, está a ir no sentido inverso e começou a desvirtuar o logo que orgulhosamente ostentou durante largas décadas.

A imagem das marcas está, cada vez mais e salvo raras excepções, entregue a criativos borbulhentos e designers académicos, sem respeito pelas marcas que representam, que se limitam a operarar exercícios de estilo idiotas alicerçados em argumentação absurda, desnecessária e extraterrestre.

Mais chocante ainda é o facto de o grupo Pepsi ter no seu catálogo de produtos um para o qual deveria olhar mais atentamente e tomá-lo como referência: 7-Up.

Não vos ocorreu, minha cambada de idiotas?

Tomás, não mexa nisso! Sim, Isabel...

Tenho reparado num fenómeno estuprador de inteligência nos últimos tempos. Pais que não perdem uma ocasião para falar dos seus filhotes pequenos, tratando-os, repetidaemente, pelos nomes próprios. Ai o Tomás isto, a Carolina aquilo, a Francisca aqueloutro. Falamos de crianças que ainda não falam sequer, na melhor das hipóteses, já andam mal... PAREM COM ESSA MERDA! Já nem estou a contar com as tradicionais famílias de bem, aqueles (des)agregados familiares que mal interagem entre si no dia-a-dia e que se tratam por você e pelos nomes próprios, quando não pelos apelidos (no caso dos enredados matrimoniais mais complexos e multipolares).

Estou a mencionar esta nova vaga de pequenos-burgueses com formação universitária que, assim de um momento para o outro, começaram a sentir este deslumbramento ontológico-metafísico-teleológico sobre o fenómeno da paternidade, em que tratar-se um filho por filho já não é suficiente - é, sim, necessário evocar em voz alta, tantas vezes quanto possível, o objecto da criação pelo nome seleccionado - invariavelmente um nome de uma celebridade ou de um personagem na obra de uma celebridade. Nomes de família são a segunda opção. A palavra filho é apenas uma ideia, é uma coisa vaga, geral, pode ser o de qualquer um, susceptível de se diluir na totalidade do real, é pouco - o meu Tomás, por outro lado, é propriedade privada, patente registada, é um triunfo da minha individualidade, é a minha contribuição para o universo, sou eu, Deus criador feito homem, a propagar a minha semente, que é reflexo de mim próprio.

Esta gente urbana de hoje com umbigos inchados e a mania das grandezas...

Duas palavrinhas para vocês: Pró caralho!

Santander Totta

A publicidade na TV, por Deus, a publicidade! Primeiro deixaram os Rádio Macau em cacos com aquela versão grotesca daquela estrela cadente (olha uma estrela!, onde?); agora agridem-nos com versões aberrantes de alguns dos piores hit singles dos anos oitenta. O que nos reserva o futuro? Qual é a intenção? Já senti vontade de boicotar causas e instituições por muito menos... é que nem há a atenuante de se tratarem de casos isolados - há aqui um padrão e uma reincidência perturbantes - trata-se de estupidificação propositada. Não tenho vernáculo suficiente para conseguir descrever ou insultar estes abortos falhados, estes vómitos criativos, esta piroseira com disfarce de ideia... subitamente, sinto saudades da imagem mental do Tony Carreira a comer a Popota por trás.

domingo, 17 de maio de 2009

Festivais de Verão

Está a decorrer o primeiro dos festivais de verão de 2009. A celebração do 50º aniversário da inauguração do pára-raios de Almada. O promotor do evento, é a milenar associação de aldrabões, pedófilos e homossexuais recalcados que toda a gente conhece.

Tanto betão armado gasto naquele trambolho que ainda há-de cair Lisboa inteira devido a um terramoto e ficar aquela merda de pé.

Que o Senhor esteja connosco.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

173 gramas de chulé

A reputada multinacional de equipamento desportivo Puma inventou uma sapatilha que pesa 173 gramas. Para além da publicidade enganosa - na verdade são 346 as gramas de sapatilha que estão a vender, não 173, a menos que estejam a pensar vendê-las avulso, o que duvido, dado que isso iria favorecer o nicho paralímpico e, como é sabido, não é típico de uma multinacional incomodar-se com aleijadinhos e minorias - há uma questão que se coloca:

Para quê?

Entendo que um atleta de alta competição possa beneficiar das qualidades de uma sapatilha leve - menos peso, menos esforço, menos fadiga, mais resistência, melhores prestações.

Mas esta publicidade agressiva e omnipresente não é direccionada ao atleta mas sim ao público em geral. Qual é o propósito? Vender o prazer de andar descalço calçado? Não, essa foi a ideia por detrás daquelas socas da moda, autênticas fábricas portáteis de chulé, ainda por cima aos pares. A ideia da Puma foi outra certamente. A verdade é que há uma maioria de consumidores que quer, latentemente, compulsivamente, consumir qualquer coisa e que anda sedenta, a tempo inteiro, de novidade: mais leve, mais branco, mais rápido, mais silencioso, mais mais, mais coiso, mais estúpido. Merda para estas empresas de merda que nos impingem merda; merda para esta gente com pensamentos de merda que procura por merda!; é por merda desta que há miúdos na merda no outro lado do planeta a trabalhar de sol a sol para ganhar cento e cinquenta paus.

Cada sapatilha custa trinta e sete euros e meio.